A Consulta Popular se pronuncia em defesa do povo Palestino, de sua causa histórica e do direito da população a viver livremente, em seu território, sem despojos e com o reconhecimento de seu próprio Estado.
Na manhã do dia 7 de outubro, foi lançada uma série de ataques contra Israel por parte do grupo Movimento de Resistência Islâmica de Palestina (Hamas), que controla hoje a Faixa de Gaza. A operação, sem precedentes, foi denominada "Tormenta de Al Aqsa", em referência a uma mesquita profanada pelo governo de Israel.
Sobre os ataques, mesmo o presidente Mahmoud Abbas, da Autoridade Nacional Palestina, que controla parte da Cisjordânia, afirmou que o povo tem o direito de se defender contra o “terror dos colonos e das tropas de ocupação”.
De fato, o Hamas é a organização que detém a confiança política da população Palestina, assim como possui a maior capacidade de enfrentamento militar. Entretanto, sua ascensão foi apoiada justamente pelo estado de Israel, como medida de enfraquecimento das organizações anti-imperialistas e laicas, como o Fatah.
Apesar da legítima reação protagonizada pelo povo palestino, é necessário condenar toda violência aleatória imposta pelo Hamas, na medida que em que também atacaram alvos ilegítimos, dentre eles civis e colonos desarmados. Tais métodos afastam o apoio massivo à causa Palestina, ao mesmo tempo que demonstram os limites políticos do Hamas.
A ação surpreendeu o governo sionista e de extrema-direita de Benjamin Netanyahu, que já vinha sofrendo desgastes pela sua condução do conflito.
O ataque desencadeou dura contraofensiva do Estado de Israel que, neste momento, promove um cerco à faixa de Gaza, impondo ao povo palestino bombardeios, cortes de eletricidade, água e comida.
Trata-se de um dos maiores poderios bélicos mundiais contra um povo que resiste há 75 anos. Neste momento, em meio aos confrontos, cerca de 70 mil palestinos se refugiaram em escolas devido à ofensiva militar israelense. E 123 mil pessoas deixaram suas casas na Faixa de Gaza, de acordo com levantamento da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgado hoje (9).
A violência dos últimos anos é notável e o aprofundamento do cerco, das expulsões, da invasão de colonos israelenses e da ofensiva contra o povo palestino são o combustível para a reação do Hamas. Entre janeiro de 2008 e setembro de 2023 já haviam sido mortos 6.407 palestinos, enquanto 152.560 pessoas foram feridas de diversas formas.
Neste sentido, a guerra não se iniciou neste final de semana, como se houvesse sido desencadeada pelo povo palestino, cuja luta muitas vezes é classificada pela mídia pró-OTAN como ação de “terroristas”.
O terrorismo, na verdade, é a forma como este povo foi arrancado de seu território. No dia 15 de maio de 1948, era formado o Estado de Israel, em episódio marcado na História como "Nakba", do árabe "Catástrofe". Na época, 700 mil palestinos foram expulsos de seu território pelo exército israelense.
Por décadas, os organismos internacionais não conseguiram fazer valer os acordos firmados e limitar a expansão do Estado de Israel. A divisão inicial feita pela ONU propunha manter apenas 44% da região da Palestina sob seu controle e 56% sob domínio de Israel.
No entanto, na prática, Israel não aceitou a solução, descumprindo-a, tomando 78% das poucas terras destinadas à Palestina.
Desde então, trata-se de uma História marcada por violações, despojo do povo palestino de suas terras históricas, descumprimento de acordos, em verdadeira invasão colonial contra um povo que simplesmente quer existir.
Nos chamados Acordos de Oslo, de 1994, foi proposta a solução de “dois Estados". Nela, mesmo que a maior parte do território tenha ficado na posse de Israel, restaria para a Palestina a Cisjordânia, Jerusalém Oriental e Gaza.
No entanto, tais acordos foram sabotados pela extrema-direita israelense, de início com o assassinato do primeiro-ministro trabalhista Yitzhak Rabin, em 1995, e prosseguindo com o financiamento do Hamas enquanto tática de enfraquecimento do Fatah.
Hoje, os mesmos que dizem lutar contra o fundamentalismo religioso e extremismo, ontem foram aqueles que abriram as portas para essas forças. Diante disso, a ação da extrema-direita israelense resultou na instauração de um regime de apartheid do povo palestino em seu próprio território.
O fator central que ofusca o caminho da paz é o suporte do imperialismo dos EUA, sua ajuda militar à Israel, já sinalizada pelo governo Biden de imediato após o dia 7 de outubro. O Estado de Israel é um ponto de apoio para as políticas dos EUA no Oriente Médio e para suas intervenções noutros países.
Vale lembrar que, no último "Memorando de Entendimento" de 2016, o governo dos EUA garantiu apoio de 2019 a 2028 em equipamentos e armas para Israel.
Nos anos 80, foi do exército israelense a principal assessoria para combater as guerrilhas populares na Guatemala, na América Central, matando cerca de 200 mil pessoas, reavivando métodos de guerra usados pelos nazistas.
O Estado de Israel está sob domínio dos interesses do governo Netanyahu, de extrema-direita. Neste momento, inclusive, há vozes na sociedade e na mídia israelense condenando os desmandos de Netanyahu, que já enfrentava oposição nas ruas contra a reforma do Judiciário naquele país.
É importante reconhecer que o conflito pela gestão da região atravessa milênios, sendo protagonizado pelas disputas das três religiões Abraâmicas (Judaísmo, Islamismo e Cristianismo). Todos esses locais, tido como sagrados, também tem inestimável valor histórico e cultural para a humanidade.
Defendemos a gestão compartilhada e o acesso livre dos templos, mesquitas, igrejas e demais locais sagrados, com o objetivo de frear eventuais profanações e o uso oportunista de ressentimentos e traumas.
Somos defensores da luta e organização de massas e condenamos crimes de guerra e ataques a civis. Porém, é preciso analisar o contexto deste conflito e entender que o fator central é o direito do povo Palestino à paz, à terra e a conformar o Estado Palestino. O fechamento dos canais de negociação e saídas reais para a questão Palestina tem forçado o povo palestino a recorrer à violência.
Participaremos e nos somamos às ações de solidariedade ao povo palestino em todo o Brasil.
O governo Lula, no Conselho de Segurança das Nações Unidas, deve seguir defendendo a saída negociada do conflito, a determinação de dois Estados, superando a proximidade do governo anterior de Bolsonaro com o Estado genocida de Israel.
A Consulta Popular ao longo de sua história sempre acompanhou com solidariedade a luta palestina e se pronuncia em defesa dos direitos de seu povo, pelo fim da ocupação sangrenta de seus territórios, pela vitória de um movimento de libertação nacional contra o opressor colonialista.
Pátria Livre, Venceremos!
Internacionalizemos a luta! Internacionalizemos a esperança!
10 de outubro de 2023.
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