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PORQUE O NOVO ENSINO MÉDIO FOI UM RETROCESSO?

Rondó da Liberdade


Iniciada por medida provisória, em um dos primeiros atos do então empossado governo golpista de Michel Temer, em 2016, a atual reforma do Ensino Médio representa, na verdade, um retrocesso de pelo menos vinte anos na educação pública brasileira, que pode ser sintetizado em três aspectos:


a) Privatização: cresce a influência de organismos empresariais que fazem parcerias para a oferta de cursos de nível médio. Não há restrição para os chamados convênios, já havendo, em diversos estados da federação, a participação ativa de grupos financeiros na elaboração de currículos, produção de materiais didáticos, gestão de plataformas de Educação à Distância (EaD), dentre outros processos;

b) Anticientificismo: os conteúdos científicos são substituídos por competências e habilidades, vinculadas ao pragmatismo da aquisição de informações. Ocorre, no entanto, que as escolas tradicionais frequentadas pelos filhos das classes dominantes seguem ofertando as disciplinas científicas com foco na preparação para o vestibular, ficando destinados aos filhos dos trabalhadores o ensino técnico e procedimental, voltado apenas ao aprendizado das profissões manuais;

c) Fragmentação: o Ensino Médio é dividido ao meio. A parte comum é cursada por todos os estudantes (fundamentada na Base Nacional Comum Curricular – BNCC) e a parte diversificada, é escolhida a critério de cada aluno, a partir de cinco itinerários formativos diferentes. Um dos percursos possíveis é o itinerário técnico-profissional, que apresenta o corte de classe do Novo Ensino Médio e é preterido por escolas frequentadas pelos filhos das classes dominantes. Trata-se do retorno, dessa vez convertido em lei, ao modelo excludente de Ensino Médio aplicado na década de 1990.

Jovem segura cartaz escrito Até quando precisaremos lutar pela educação. A jovem é negra, veste camisa branca e tem seus olhos cobertos pela borda do cartaz.
Estudante porta cartaz em manifestação em Defesa da Educação realizada em Itabuna-BA, 2019. Foto: Helenna Castro.

Por que devemos lutar pela revogação do novo ensino médio?


Lutar pela revogação da contrarreforma do ensino médio permite, primeiro, enfrentar o entulho neofascista que permanece na sociedade brasileira. As mudanças no ensino médio, na verdade, são uma síntese do programa educacional das forças sociais que apoiaram o bolsonarismo até 2022.

Em segundo lugar, a luta pela revogação contribui para apresentarmos um projeto de educação comprometido com as reais demandas do povo e vinculado com a democratização do acesso ao conhecimento. O novo modelo de ensino médio impede esse projeto e certamente provocará evasão escolar e mais desigualdades.

É urgente e central que todas as forças populares se somem à luta contra o novo ensino médio, mostrando seus efeitos nefastos, principalmente para a juventude trabalhadora. Essa bandeira é parte das medidas anti-neoliberais que devem caminhar junto da luta contra o fascismo brasileiro.


Rondó da Liberdade é um canal de propaganda da Revolução Brasileira, fundado na ciência marxista-leninista e na ação de militantes da Consulta Popular.

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