Elias Carlos Arakuã Ete
Não me fale de manto,
se voce se mantém o mesmo, a mesma,
de ontem, anteontem.
E hoje, não se esforça em pensar em mudar.
Mesmo vendo-o crucificado,
o amor na morte da cruz,
assim como na hóstia sagrada
que se torna Jesus.
Para aqueles que aqui chegaram
invadindo nossos territórios, trazendo a bíblia, a espada e a cruz
e para alguns parentes também,
que rezando ave maria e o
pai nosso, amém.
Daí, para nós o sagrado
há muito já existia.
Desde nossos rituais, Torés, Porancis que todos nossos povos indígenas já reverenciavam e viviam
junto aos nossos pajés,
que com muito amor e devoção
celebravam o sol, o ar, a chuva,
o mar, o criador, do nosso jeito.
Por isso, peçamos mais respeito.
Por mim, por nós e nossos ancestrais,
que souberam guardar no silêncio o segredo
com todo amor e cuidado,
assim como dona Amotara,
nos ensinou a contemplar
aquele manto sagrado,
feito de pena de guará
de nosso povo indígena Tupinambá.
Elias Carlos Arakuã Ete Tupinambá é licenciado em História pela UESC, técnico em Contabilidade e professor indígena no Colégio Estadual Indígena Tupinambá de Olivença (CEITO) em Ilhéus BA.
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