Helenna Castro
Rapaz, que arrependimento de não ter me organizado direto esse semestre. O fim de novembro se aproxima e meu TCC não está concluído. Se eu tivesse me preparado melhor, não precisaria estar sentada às 19h de uma sexta à noite digitando, quase tonta de calor. Faltam quatro dias para a entrega, mas parece que é para amanhã. Achei que já teria terminado a essa altura.
Decido descansar após horas de labuta. Ainda bem que não tem aula hoje... Poderei ver o jogo do Bahia. Tomara que ganhe, chega de estresse por hoje.
Meu companheiro chega da rua com o que mais preciso agora. Cerveja gelada e beijinho na nuca.
Saio da escrivaninha e me endireito. Hora de torcer pra esse time não cair. Enchemos os copos e brindamos. Bebo os primeiros goles e começo a soluçar.
Num boto nem fé. Uma hora dessa!
Começo a utilizar uma das técnicas que aprendi na infância, prender a respiração. Tomo um fôlego e uso ambas as mãos para cobrir boca e nariz. Não dá certo. Repito o ritual por 3 vezes sem êxito.
Pergunto a Mateus se ele seria capaz de me asfixiar para cessar minha agonia.
E isso dá certo? O negócio né susto, não?
Respondo que aprendi assim. Ele dá de ombros e vai mexer no notebook que está na mesa.
Com o fracasso da asfixia com as mãos, resolvo empurrar meu rosto contra a cama até perder o ar. Começo a operação quando ouço ele soltar um chocado "eita porra". Desisto daquele método e viro para perguntar o que houve.
Antes que pudesse dizer palavra, ouço uma afirmação que me paralisa:
Lula morreu!
Por instantes, senti que o ar tinha ficado mais denso e que necessitava gritar. Mas não deu tempo do surto se iniciar. Ele me informa que era apenas um "susto" para me ajudar.
Lula tá vivo e o soluço passou.
Helenna Castro é Comunicadora Popular e integra o Coletivo Brasil Vermelho.
Top!