INTIFADA
A guerra havia começado
Iríamos seguir.
Fora de pauta,
fugir.
Enfrentá-los?
- Necessário!
Era morrer;
matar,
caso contrário.
APRESENTAÇÃO DA SEGUNDA EDIÇÃO
Peço licença aos democratas, aos acadêmicos, aos artistas contratados e a toda a sociedade burguesa para apresentar um livro de dezessete poesias de um baiano louco, sertanejo, roceiro, operário, pedreiro, eletricista, encanador, migrante, de uma história que é fruto de tudo aquilo que vive e que também sintetiza a realidade de milhões, proletários que somos. Ao mesmo tempo em que representa uma universalidade, propõe a saída, se junta aos que resistem, possui uma percepção própria de observador apurado cuja única saída é sobreviver. Compreende melhor esse livreto quem é habituado a exercitar o pensamento à contradição e quem verdadeiramente o entende é quem viveu e vive situações semelhantes às que parecem mostrar as poesias.
São muitas as riquezas literárias contidas em Intifada Literal, a história há de mostrar de maneira mais enfática que este livreto, na verdade toda a obra do autor, é verdadeiramente poesia revolucionária, oriunda do veio mais profundo da classe trabalhadora da segunda metade do século XX em diante. Hamilton Britto nos relembra fatos históricos que são imperdoáveis para a classe, antigos e modernos, e a sua escrita é veemente posicionada, não reconhece os monarcas, os reformistas, os deuses, nem a sua pseudo-representação que é o Estado burguês, a este livro só interessa o fim da desigualdade de classe e o fim da exploração do capital.
Nas entrelinhas deste livro se cruzam a cultura que define a quantidade de versos, assim como seu ritmo, e um conteúdo marcado pela migração, condição de vida imposta pelo sistema capitalista que marca a história de tantos trabalhadores e trabalhadoras do mundo, entre estes os da região nordestina. Esta condição, neste livro, quebra as barreiras regionais e nos leva a compreender o indivíduo dentro de um todo ainda maior. É um embrião de uma consciência que se expressa através da observação, da análise e da denúncia.
E em versos.
Intifada Literal é um murro no comodismo de classe, nos desvios pequeno-burgueses que acometem as organizações. É poesia trabalhadora, sem louvores ao trabalho e contra todas as cercas que têm impedido a humanidade, até aqui, de se amar em paz, de beber em paz, de fumar em paz e de gozar em paz.
Que se espalhe a intifada literária.
Mateus Britto
Itabuna, agosto de 2022
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