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IMPERIALISMO: COMO A FERRAMENTA DA MÍDIA SUGERE E MODIFICA A VERDADE

Atualizado: 24 de mai. de 2022

Kaio Mendes


A edição de maio/2022 da revista Time. Reprodução.

Após a entrevista de Lula para a Time, no trecho em que ele culpa a Ucrânia e os financiadores por provocarem o conflito, a Globo chama o bobo da corte Valdo Cruz e a Barbie fascista Ana Rosa para comentar.

Valdo: "isso é um absurdo, conversei com DIVERSAS FONTES PRÓXIMAS A LULA e boa parte delas vêem um perigo por se aproximar de um discurso de Jair Bolsonaro. Além disso, a Ucrânia que foi atacada, não a Rússia, lógica simples, por isso a fala de Lula é infeliz."

Ana: "Complemento dizendo que é um absurdo o Lula dizer que não vai falar sobre política econômica e só ficar dizendo o que todos já sabem, que as condições da Economia estão sufocando as pessoas mais humildes. Porém, esse ELEITORADO VOLUMOSO que está apoiando Lula por ele prometer a recuperação de suas condições antes da crise do governo Dilma, até hoje sofrem com erros dos governos petistas, e precisam saber o que ele pensa em fazer". Em Guy Debord "No mundo realmente invertido, o verdadeiro é um momento do falso" (1997, p. 16) podemos classificar o rebuscado formato utilizado pelo imperialismo de maneira simples.

Captura de tela de um programa televisivo da Rede Globo, em cima é mostrada a logo: Globo News, ao vivo. Estão representados dois jornalistas: Ana Flor, mulher branca de cabelos loiros, vestindo um blazer branco sobre uma camisa azul escuro e calça preta, ao lado de Valdo Cruz, homem branco de cabelos grisalhos e óculos de grau, usando um paletó azul escuro, gravata azul de tom ainda mais escuro com pequenas bolinhas laranjas e camisa azul claro. Ana, à esquerda de um televisor grande anexado à parede, aponta dados de um gráfico e Valdo, ao lado direito, observa. No televisor se lê: “Corrida presidencial. Grupos que mais rejeitam Lula. Fonte: Datafolha. Evangélicos: 34% em 2018, 42% em 2022. Idosos +60 anos: 39% em 2018, 42% em 2022. Pessoas que ganham entre 5 e 10 salários mínimos: 60% em 2018, 51% em 2022. Pessoas com ensino superior: 56% em 2018, 46% em 2022”. Em baixo na imagem, aparecem a seguinte chamada “Eleições 2022. Como a rejeição a um candidato impacta a corrida eleitoral?” e a manchete “G1 - Ataque a tiros no metro de Nova York deixa 16 feridos; 5 estão em estado...”. O layout mostra também as horas marcadas naquele momento: 17:23h.
Ana Flor e Valdo Cruz detalham a rejeição a Lula na Globo News. Reprodução.

Ao observarmos CNN, GloboNews,

FOXnews, NBC, etc. a informação útil é lida brevemente, porém, a "manchete"

escrita carrega apenas a primeira "opinião" de um jornalista convidado a opinar. O grau de importância de uma pauta aumenta também o número de jornalistas que dizem basicamente a mesma coisa de formas diferentes. Porém, cada novo comentário dá atenção cada

vez menor para o que foi dito por Lula sobre a Ucrânia e bate cada vez mais em algo que a notícia não trouxe: A INCERTEZA DOS PATRÕES e financiadores da publicidade que mantém essas empresas sobre o que pode acontecer em caso de política econômica com Estado forte e atento a abusos midiáticos. Por fim: enquanto o Valdo primeiro faz o papel de chamar e romantizar o lado apoiado pelo poder estadunidense e depois a Barbie fascista injeta a dose fatal para quem ainda não conseguiu evoluir sua consciência de classe. A dose letal da armação ideológica é criar a incerteza no trabalhador com uma possível aproximação falsa entre a economia de Bolsonaro e as hipotéticas condições decadentes continuando num governo Lula. Finalmente, o ponto de vista de Lula que teoricamente seria respeitado na tal "liberdade individual e democrática", repetidamente imposta como "heroica" via ditaduras, transformou se em um teatro. Se algo do tipo é feito por Asia, ou países com histórico revolucionário, essas mídias dariam o nome de postura sádica e sociopata.

Todo cuidado é pouco com a classe capaz de transformar uma preocupação da burguesia em confusão na sociedade.



Kaio Mendes é graduado em Economia pela Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) e ex-Coordenador de Pesquisa do DCE Carlos Marighella.

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