Raymundo Sá Barretto Neto
O professor Arléo Barbosa, grande figura humana, deixa este plano neste dia 19 de fevereiro de 2022 para ficar marcado na memória de todos que um dia o conheceram.
Ainda jovem, na década de 1960, foi nomeado professor de História do IME, importante escola pública de Ilhéus, em uma época que raríssimas publicações tratavam da história de Ilhéus e da região sulbaiana.
Arléo começou um trabalho de grande importância social, uma pesquisa minuciosa que gerou as primeiras "cartilhas" para o desenvolvimento de seu trabalho no ensino da disciplina.
Ao longo do tempo foi ampliando a pesquisa nas sucessivas edições de sua obra "Notícia Histórica de Ilhéus", que serviu de referência para que os primeiros historiadores habilitados, a partir dos anos 70 e 80, principalmente formados pela UFBA, utilizassem como fonte a sua pesquisa para a realização das primeiras dissertações de mestrado com foco na região do cacau da Bahia.
Foi também importante sua atuação como professor na formação dos primeiros professores licenciados em História pela UESC a partir da década de 1980.
Arléo tinha a vocação para o ensino da História. Pela maneira como narrava os fatos, os alunos que atentos lhes escutava chegavam a conclusão que não tinha como ele não estar presente em tais acontecimentos, fosse na antiguidade, na idade média ou até mesmo na pré-história. Sua oratória tinha o poder de teletransportar os alunos no tempo e espaço.
Nos diversos colégios em que trabalhou, INSP, Fênix, Visão, entre outros, certamente contribuiu para a humanização dos que ali estavam, seja aluno ou colegas de trabalho.
No Instituto Histórico e Geográfico de Ilhéus, fundado em 1953, Arléo foi gigante. Presidente por algumas vezes, a primeira no longínquo ano de 1975, foi uma dura missão. O I.H.G.I, que tem por propósito a preservação e difusão da memória social, sempre esteve em busca de uma sede para a efetivação dos seus propósitos e nunca foi visto como prioridade pelas autoridades constituídas, mesmo assim Arléo nunca desanimou e sempre fez o que podia, para "manter a chama acesa" , como sempre repetia.
Professor Arléo, nós ilheenses só temos a lhe agradecer por tudo que o senhor representa, tanto para a nossa cultura, como para a nossa sociedade.
Vá em paz amigo!
Raymundo Sá Barretto Neto é licenciado em História e gestor cultural.
E ainda dizem que não há insubstituível... Quero ver outro igual ao Prof. Arléo...